Já passaram 18 meses? Minha nossa
senhora das rabanadas (que está quase a chegar o Natal) daqui a nada está a
pedir-me para ficar a dormir em casa de uma amiga. E depois vai ser uma saída
com amigos. E depois… Respira S., respira…
Vamos por partes. Nunca tinha
pensado nisso até ser mãe mas acho que ser uma fedelha de 18 meses não é fácil.
Uma cachopa nasce e é esperado
que venha a saber mamar. Mais fácil ou dificilmente acaba por lá chegar e
desenrasca-se para matar a fome – instinto de sobrevivência.
Dali a nada toda a gente se quer
sentir especial e pretende, a qualquer esforço, que a miúda se ria. E toda a
gente acha que aquele sorriso foi só para si.
Lá vai sorrindo.
Mas entretanto toda a gente a
quer ver comer sopa.
E papa.
E fruta.
E uma carne de porco com feijão e
grelos, uma broa e um pudim abade de priscos para adoçar no final. Porque não
um chupa com aquele açúcar ácido por cima – se é para comer que seja tudo a que
tem direito.
Mas não basta que coma. Tem de
comer sozinha.
Desenrasca-se. Com as mãos, com
os dedos em pinça, com a colher. Alimentação alinhavada – só falta dar-lhe mais
um cozidinho à portuguesa e um pratinho de rancho e a felicidade era plena.
Tem de caminhar. Sozinha obviamente.
E se demora mais um pouco – no
tempo que só a ela pertence - há quem quase considere a hipótese de uma
deficiência.
Caminha.
E tem de falar. Porque o ditado
diz: aos 1 andará, aos 2 falará. (então esta lengalenga é capaz de me levar aos
píncaros da fervura interior)
…. E continua por aí fora numa
montanha russa de exigências, de estímulos, de opiniões.
Com quase 18 meses falam em
fralda e chupeta.
E eu penso: f*2@-”€. E deixarem a
miúda em paz. A minha vontade: que todo esse ruído se reduza – espetacular
mesmo era a extinção.
Fazem da miúda um macaquinho do
circo que tem de fazer as exibições solicitadas. Como se não tivesse vontade própria.
Ou tempo próprio.
Acho que o tempo dela tem de ser
respeitado. Não é meu desejo que ela seja precoce. Quero que ela faça as coisas
dela no tempo dela. Irei sempre estimula-la de acordo com a minha opinião e com
os conselhos de quem reconheço legitimidade.
Não quero saber quem começou a
caminhar aos 2 meses e palitou os dentes aos 3. Por mim até podem fazer
maratonas aos 8 meses e descobrir a cura de alguma doença aos 10 meses. Mas
deixem a pequena em paz.
As pessoas preocupam-se tanto com
aquilo que ela faz, e com comparações, que se esquecem de aproveitar o tempo
com ela.
Para já eu só quero saúde, gargalhadas,
e espontaneidade.
Ah, um bocadinho de bom feitio e
obediência também vinha a calhar.
O mais importante são estes 18
meses que tive oportunidade de partilhar com ela. São as conquistas que agora
parecem muito longínquas. São as alegrias e a cumplicidade que partilhamos. São
o maior e melhor amor jamais conhecido.
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