Depois de algumas semanas a aguar
por sardinhas assadas na brasa num restaurante em Matosinhos lá veio a
oportunidade.
Com aquele entusiasmo típico de
quem, finalmente, tem a oportunidade de algo que espera há muito lá entramos no
restaurante, anteriormente decidido e, que tantas memórias me trazia dos tempos
de estudante.
Restaurante lotado. Nada de
inesperado. Com a qualidade da Lage do Sr. Do Padrão já sabemos que o risco de
que tal aconteça é considerável. Decidimos esperar. Depois de aguardar semanas
o que eram mais alguns minutos para sentir aquele sabor típico da sardinha
assada na brasa? Tudo vale a pena.
Não sei exatamente quanto tempo
esperamos mas, por fim, lá chegou a nossa vez. Com aquele sorriso de orelha a
orelha de quem vai ter sentir aquele gostinho… Trouxeram-nos a lista,
desnecessária, para a qual mal olhamos porque já sabíamos o que iria ser. Veio a
funcionária…
Funcionária: Então, já
escolheram?
Nós os dois simultaneamente:
SARDINHAS!!!
Funcionária: Já não há!
Eu: Não há!? Como não há?
Funcionária: Acabaram!
Eu: Tem a certeza? Que desconsolo…
Funcionária: Aquela mesa também
escolheu e acabou com o que tínhamos.
(obviamente fuzilei com o olhar
os residentes da mesa próxima)
Eu: Oooooh! Que chatice!
Ele: Viemos mesmo de propósito
com a ideia das sardinhas!
Funcionária: Vai ficar
desconsolada pelas sardinhas, não vai?
Eu: Sim (MUITO, que não
verbalizei!).
Funcionária: Posso ver se consigo
arranjar uma para a desconsolar… está grávida?
Eu: Não. Pronto, deixe estar.
Funcionária: Se estivesse grávida
podia ter tentar arranjar uma nem que falasse com um cliente.
Eu: Não, não estou. Nós
escolhemos outra coisa.
Depois, com a desilusão estampada
no rosto olhamos para a lista com outros olhos e lá optamos por uma das
alternativas disponíveis. Voltou a funcionária, fizemos o nosso pedido, e
combinamos que voltaríamos em breve, e mais cedo, para nos consolarmos. Sim,
porque enquanto não puser os dentes numa sardinha e ideia não me passa.
Uns minutos depois veio outra
funcionária.
Funcionária: Menina, ouvi dizer
que estava grávida.
Eu: Não, não sou eu. Não estou!
Funcionária: Conseguimos arranjar
mais umas sardinhas…
(Conseguiram? Conseguiram?)
Eu: Ai foi?
Funcionária: Sim, mas é só para
grávidas. E como me disseram lá dentro que a menina estava grávida vim
perguntar-lhe!
(Sim, eu grávida, com este
copinho de sangria à minha frente era a combinação ideal!)
Eu: Não, deve ser alguma confusão.
Não estou.
Funcionária: Então peço desculpa.
Estamos a guarda-las para as grávidas.
Eu: Ok, tenho pena mas compreendo
o critério.
E foi isto. Agora que penso foi
como me espetar uma faca no bucho. Saber que o raio das sardinhas estavam tão
perto e simultaneamente tão longe… continuo desconsolada por sardinhas, mas
pelo menos tenho a consciência tranquila. Não há grávida neste país ou no mundo
que possa dizer que não se consolou com uma sardinha assada por culpa minha.
Afoguei as minha mágoas em dois
copos de sangria. Que resultaram numa bebedeira tão perto mas simultaneamente
tão longe das dos tempos da universidade.
Deixo, ainda assim, a sugestão do restaurante. Muito bom! Sobretudo para grávidas.
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