Felizmente tenho uma relação onde
é usual brincar. Rimo-nos um do outro e um com o outro.
Sinto um certo prazer secreto
(agora não tão secreto) cada vez que digo ou faço alguma coisa propositada
capaz de gerar uma daquelas gargalhadas espontâneas no meu marido. No reverso
da medalha também tenho alturas em que não pretendo ter piada nenhuma e ele
risse tanto que fico com a sensação de ser a palhaça de serviço. E existem
ainda situações em que digo/faço alguma coisa à espera de ouvir uma gargalhada
(com aquele silêncio para lhe dar tempo de reagir e tudo) e nada; aqui, é viola
no saco que a veia de comediante não está desperta.
Não sei bem como, de alguma forma
inconsciente, até ao recordar situações passadas menos agradáveis, conseguimos agora
abordar o assunto entre risos e sorrisos. E achava que estava bem. É a
realidade que conheço... não considero as coisas de outra forma.
Esta cumplicidade que se cria ao
longo dos anos, este amor cimentado, cada vez mais, com companheirismo e
amizade, permite-nos viver neste ambiente descontraído. Conversas sérias
existem (mais do que aquelas que gostaria) mas, regra geral, o ambiente é leve.
Acho que não conseguiria estar com alguém que visse tudo o que digo ou faço com
olhos críticos, avaliadores e a levar tudo demasiado a sério.
A vida, per si, já é tão séria... são tantas responsabilidades, tantas
preocupações. Porque não partilhar os dias com algumas gargalhadas pelo meio?
Até ao momento em que me dizem
que nos rimos tanto, temos tanto esta forma de estar, que há alturas em que
duvidam da seriedade com que falamos de situações muito importantes. Em que nos
questionam se lhe damos a devida relevância. E pela primeira vez me questiono
se tem sido demais!
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