É um energúmeno.
É uma vergonha.
É irresponsável, cheio de
esquemas e dotado de uma languidez inacreditável.
Um negligente portanto.
Quantos de nós ouvimos pessoas
fazerem este tipo de comentários acerca de uma pessoa simplesmente porque tem
uma tatuagem?
Não interessa se é um bom
cidadão, trabalhador, honesto, bom filho, bom marido, bom pai… whatever! Se “enfarruscou” (foi o que já
ouvi) o corpo é porque se passa alguma coisa de muito errado com essa pessoa.
Como é que o facto de alguém ter
gosto por uma forma, que pessoalmente, considero de arte pode ser automaticamente
associado às piores caraterísticas socialmente (não) aceites?
Não tenho nenhuma tatuagem, é um
facto, mas aprecio. Desde que bem feita, no sítio certo, com a dimensão
adequada, não tenho nada a apontar. Olho com olhar de crítica para a imagem não
para a pessoa. Já vi algumas que adorei e outras que até me arrepiaram. Provavelmente
pelo risco de arrepio nunca experimentei fazer. Não é daquelas coisas em que se
possa dizer “não ficou bem, pode apagar e fazer antes ali!”.Sei que muitas
vezes trata-se de pessoas marcarem no corpo aquilo que mais profundamente lhes
marcou a alma. Por si só. Sem qualquer exibicionismo associado. E que mal é que
isso pode ter?
Como é que alguém pode perder uma
oportunidade de trabalho por isso? Como é que alguém pode ser olhado de soslaio
por isso? Como é que pode ser associado a outros comportamentos completamente
díspares dos “normais” por isso?
Um exemplo inteligente é-nos dado
pela FNAC. Local onde vemos profissionais com todos os gostos no que a esse
assunto diz respeito. Pessoas que acredito serem contratadas por vários motivos
que não esses. Ou até por uma discriminação positiva. Esta heterogeneidade diferencia
a FNAC de muitos outros estabelecimentos comerciais. E por acaso ainda não ouvi
ninguém criticar. Acho a FNAC umas das lojas mais agradáveis (e piores para o
orçamento) para entrar e estar e ver e perguntar.
Gostava de saber quando é que a
mentalidade de algumas pessoas vai mudar.
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