Pelos vistos é esta a denomição que dão à nossa geração. Num ponto existe consenso:
somos é geração mais qualificada e a que tem mais dificuldade em "vingar" no mundo do trabalho.
Ontem deu uma reportagem na SIC que muito sinceramente ficou aquem da minha expectativa. Numa reportagem de Portugal 2011, Geração à rasca, os intervenientes foram:
- António Cruz Serra, Presidente do Instituto Superior Técnico de Lisboa que basicamente disse que os licenciados desta instituição tinham quase 100% de empregabilidade (no período de 6 meses) e enquanto se babava e gabava de forma que considerei desadequada disse que para ali só iam os bons alunos e o bem mais precioso da instituição era o canudo...
Permito-me discordar até porque todos os dias vemos óptimos alunos, com elevado nível de conhecimento mas maus (ou péssimos) profissionais. Saber muito não significa que o saiba aplicar na prática e quem não souber aplicar na prática pode ter muitos canudos...
- Reitor da Universidade de Coimbra que basicamente se preocupou mais em dar uma aula de economia do que em falar do assunto proposto na entrevista. Temos de lutar pelos nossos objectivos e não ficar à espera que as coisas aconteçam, todos concordamos, mas só quem passa por essas lutas infrutiferamente é que sabe dar o valor, portanto não fale quem não sabe. Pode ser muito bom como reitor e até a dar aulas (se dá!), mas a aproximação da realidade deixa a desejar.
- Recém-licenciado em Cinema, jovem com 22 anos, salvo erro, licenciado em cinema foi o exemplo mais generalista e representativo da actual situação do país e dos jovens recém-licenciados que a SIC arranjou para ilustrar a situação que actualmente se vive no nosso país. Não é que tenha o que quer que seja contra os formados nesta área, mas caramba... podiam pôr alguém licenciado em História ou nessas coisas bem esquisitas que ninguém percebe para que existem, só para ser pior.
Todos os dias vemos enfermeiros, engenheiros, professores,... (e economistas ou gestores, claro!) que espelham a situação que se vive... pessoas com esta formação que nos atendem na caixa do supermercado, que estão no balcão dos correios,... e que para além de viverem frustrados com a situação em que estão, simultaneamente retiram a possibilidade de emprego a pessoas com menos formação.
Estive desempregada durante um ano (depois de ter estado empregada durante 3,5 anos e emprego do qual saí porque já estava com cerca de 5 salários em atraso), trabalhei enquanto me licenciei e sei bem o que é procurar, tentar, desesperar e não conseguir. Apesar de trabalhar à cerca de 3 anos na empresa onde estou, não posso deixar de me sentir solidária com todos os que passam por situações iguais ou idênticas.
Ou por falta de experiência, por excesso de experiência, excesso de formação, falta de formação, tudo são motivos para não nos oferecerem trabalho ou então nos proporem empregos em condições... "desadequadas" (porque 5€ à hora a recibos verdes, é no mínimo desadequado)!
Quanto à SIC, acho que podia ter sido muito mais interessante a reportagem que fizeram! Pensava que ia demonstrar aquilo que tantos de nós sente, mas sinceramente fiquei um pouco desiludida!
Acho que vou ouvir só mais uma vez os Deolinda!
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